Aos 15 anos, Antônio Geffter tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), é autodidata na música e tem o domínio de 18 instrumentos. Por alguns anos, ele sustentou o sonho de tocar um piano de cauda. Nascido em Autazes, o jovem talentoso esteve em Manaus e, no Teatro Amazonas, teve sua primeira experiência com o instrumento.
Neste Dia Nacional da Cultura (05/11), Geffter representa a inclusão e a acessibilidade cultural, defendidos pelo Governo do Amazonas, e colocados em prática pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A prova disso são os espaços culturais adaptados à pessoa com deficiência (PcD), os programas de fomento às potencialidades artísticas sem limitações, e os editais de políticas públicas com ações afirmativas regulamentadas, que incentivam a elaboração de projetos com a participação diversa.
Para o jovem de Autazes, a experiência no Teatro Amazonas lhe rendeu, no próximo ano, uma vaga no curso de música do Liceu de Arte e Ofícios Claudio Santoro, porta de entrada para a carreira artística de milhares de amazonenses. Ao todo, na sede e unidades do Liceu em Manaus, estão matriculados 2.650 alunos, sendo 96 portadores de deficiência.
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, aponta o trabalho do Liceu como um instrumento de renovação, transformação cultural e inclusão social.
“Programas como o do Liceu colaboram com a construção da identidade cultural e plural da sociedade, incluindo os grupos historicamente minorizados. O acesso à capacitação artística garante a todas as pessoas a participação plena em sociedade”, comenta Apolo.
Sonho realizado
Nos bastidores do ensaio da Amazonas Filarmônica, no Teatro Amazonas, Geffter foi recebido pelo maestro Marcelo de Jesus e conduzido até o piano de cauda. Sem a menor cerimônia, o jovem de Autazes fez a sua estreia, na coxia, sob o olhar atento do maestro e de uma pequena plateia de músicos.
“Ele tem o domínio do instrumento, não tem a técnica ainda, mas vai ter agora com os estudos no Liceu”, disse Marcelo de Jesus. “Ele sabe, entende o instrumento e já consegue produzir algo artístico, só com um pouquinho de ferramenta que ele mesmo foi descobrindo. Ele já consegue se expressar musicalmente e isso mostra que ele já é um artista, tem alma de artista”, conclui o maestro.
Para o músico, a experiência foi mais um degrau alcançado dentro do universo artístico explorado unicamente por ele e que reserva grandes ídolos como, Beethoven. “Eu quero me profissionalizar na música, seguir a carreira e viver da música. Quero produzir minhas composições e levar a carreira para frente nessa caminhada”, revela.
O secretário da pasta de Cultura de Autazes, André Siqueira, agradeceu a troca de experiências e as portas abertas do Liceu. “É muito gratificante ver um menino de 15 anos, autista, que toca mais de 18 instrumentos tendo uma oportunidade dessas de ingressar no Liceu. Isso nos envaidece muito no município. O sonho não é só do Geffter, é de todos nós”, comenta Siqueira.
Mais acessibilidade
Ainda na esteira da inclusão social, os espaços culturais do estado passaram por obras de modernização e, além das rampas de acessibilidade, receberam elevadores ou plataforma elétrica para o PcD. Os espetáculos também dispõem de intérpretes de tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais) com uso do tablet e o recurso da audiodescrição.
O secretário de Estado de Cultura, Marcos Apolo Muniz, reforça os avanços do Amazonas na inclusão social e na democratização dos equipamentos que oferecem espetáculos e estão abertos à visitação. “Reduzir as barreiras e garantir que todos possam usufruir da cultura de maneira equitativa é uma das preocupações do governador Wilson Lima. O PcD pode ocupar espaço tanto produzindo, quanto consumindo cultura”, finaliza Apolo, ressaltando que a previsão orçamentária da Lei Paulo Gustavo prevê 10% aos agentes culturais com deficiência que concorram nos projetos, iniciativas ou espaços previstos na lei.