Tensão em alta: As usinas nucleares do Irã sob a mira de Israel

Ciclista passa em frente ao prédio do reator da usina nuclear de Bushehr, nos arredores da cidade de mesmo nome no sul do Irã, em foto de 26 de outubro de 2010. A única usina nuclear do país sofreu um desligamento de emergência temporário, noticiou a TV estatal em 20 de junho de 2021. — Foto: Majid Asgaripour/Mehr News Agency via AP

As tensões entre Israel e Irã se intensificaram após um recente ataque de mísseis iranianos ao território israelense. Com essa escalada, surge a especulação de que Israel possa, de fato, atacar as instalações nucleares iranianas, algo que há muito vem sendo ameaçado. Esse contexto de confronto cria um clima de incerteza sobre as possíveis ações militares na região, enquanto os EUA observam e coordenam sua resposta.

O programa nuclear do Irã é composto por várias instalações, mas a maior parte delas permanece fora do alcance de ataques aéreos, devido à sua construção em locais subterrâneos. Apesar da longa história de tensões e ameaças, apenas algumas das instalações foram reforçadas contra ataques, tornando-as alvos de grande interesse para Israel, que busca neutralizar a capacidade nuclear do Irã.

A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), expressa preocupações sobre a possibilidade de o Irã ter mantido um programa secreto de armas nucleares, encerrado em 2003. O governo iraniano, por outro lado, nega categoricamente essas alegações, insistindo que suas atividades nucleares são pacíficas.

O acordo de 2015, que limitou as atividades nucleares do Irã em troca do alívio de sanções, foi um marco nas relações internacionais. No entanto, após a retirada dos EUA sob a presidência de Donald Trump em 2018, o Irã começou a abandonar as restrições impostas pelo pacto, resultando em um aumento acelerado no enriquecimento de urânio e reduzindo o tempo necessário para produzir material suficiente para armas nucleares.

Atualmente, o Irã enriquece urânio a até 60% de pureza físsil, muito próximo dos 90% requeridos para armas nucleares. Estima-se que o país tenha material suficiente para potencialmente produzir quase quatro bombas, caso decida intensificar seu programa. Isso levanta preocupações sobre uma corrida armamentista na região e as possíveis consequências de um ataque militar.

Dentre as instalações nucleares, Natanz se destaca como um dos complexos mais importantes. Situada em uma região montanhosa próxima à cidade de Qom, Natanz abriga duas plantas de enriquecimento. A Planta de Enriquecimento de Combustível (FEP), subterrânea, é considerada um alvo prioritário, devido à sua capacidade de operar um grande número de centrífugas, embora tenha enfrentado danos significativos no passado.

Além da FEP, existe a Planta Piloto de Enriquecimento de Combustível (PFEP), que opera acima do solo e enriquece urânio a níveis elevados. Apesar de ter uma capacidade menor, a PFEP representa uma parte crucial do programa nuclear do Irã. O potencial de um ataque israelense a essas instalações levanta questões sobre a eficácia e as consequências de tais ações, em um cenário já marcado por tensões geopolíticas complexas.

Com base em informações do G1, CNN e Reuteres