Musical ‘Pedro e Paula’ no Teatro Amazonas: inclusão dentro e fora do palco

Foto: David Martins

Rampas de acesso, recepção atenta, e representatividade no palco são algumas das iniciativas que marcam o espetáculo “Pedro e Paula”, encenado no Teatro Amazonas como parte da programação que integra “O Mundo Encantado do Natal”, promovida pelo Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. O evento reafirma o compromisso com a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) no universo das artes.

O espetáculo da inclusão

Entre os destaques do espetáculo Pedro e Paula está Breno Atala, ator com mobilidade reduzida em uma das pernas, que encanta o público com sua atuação. Para ele, participar de uma apresentação no Teatro Amazonas foi mais do que uma experiência profissional: foi uma oportunidade transformadora.

“É uma honra contracenar com pessoas tão talentosas, que valorizam a arte como ela merece. No início, tive algumas dificuldades por conta da mobilidade, mas os coreógrafos e meus colegas de elenco foram incríveis. Eles me ajudaram a adaptar cada movimento, e isso fez toda a diferença. Conseguimos executar tudo com perfeição”, afirmou Breno.

Ele também destacou a importância do trabalho em equipe durante o espetáculo.

“Nos momentos de troca de figurino, principalmente nos mais rápidos, o apoio dos colegas foi essencial. É muito bonito ver todo mundo se ajudando para que tudo aconteça da melhor forma”, comemora.

Como mensagem para outros artistas, Breno deixou um recado inspirador.

“Não tenham medo de mostrar quem vocês são. Vocês são o palco. As oportunidades vêm quando você tem iniciativa e acredita no seu potencial”.

Acessibilidade na plateia

Bernardo Schussler e Bruno de Matos Braga, ambos com deficiência visual e baixa visão, respectivamente, compartilham suas experiências no Teatro Amazonas, destacando a importância da acessibilidade oferecida pelo espaço. Para ambos, o teatro se apresenta como um ambiente acolhedor, que valoriza a inclusão e proporciona uma experiência única.

Bernardo, que estava visitando o Teatro Amazonas e Manaus pela primeira vez, comentou: “Foi minha primeira vez no Teatro Amazonas e também em Manaus. Até agora, eu já fui assistir a alguns musicais, mas nunca tive acesso a muitos recursos acessíveis”, comentou. “Aqui tem audiodescrição, e já é fantástico, porque eu sei que musical é uma coisa geralmente bem dinâmica, com a mudança de figurino e palco”, disse.

A audiodescrição foi, para ele, um recurso essencial para aproveitar a dinâmica do espetáculo, tornando a experiência muito mais completa e acessível.

Já Bruno, que é fisioterapeuta e frequenta o teatro há algum tempo, destacou a excelência do atendimento e a qualidade dos serviços de acessibilidade.

“Eu sou apaixonado pelo Teatro Amazonas. Eu acredito que seja quase impossível não se apaixonar. Sempre participo dos eventos aqui, principalmente pela parte de acessibilidade, como a audiodescrição”, opinou Bruno.

“O teatro abraça tanto as pessoas sem deficiência quanto as que têm, e por isso estou sempre participando”, disse. Bruno também enfatizou a qualidade do atendimento recebido, “Eu avalio de uma forma, assim, em nota mil, se fosse botar um número. Desde a recepção, o direcionamento e a sensibilidade no meu caso como pessoa com deficiência. Não tenho nenhuma queixa, sempre fui muito bem atendido e acolhido”.

Ambas as experiências destacam o papel fundamental do Teatro Amazonas como um espaço cultural que oferece acessibilidade e inclusão, permitindo que pessoas com deficiência possam desfrutar da arte com qualidade e respeito.

Teatro para todos

O Teatro Amazonas tem se destacado por seu compromisso contínuo com a acessibilidade, oferecendo recursos e adaptações para garantir que pessoas com deficiência possam vivenciar a arte de forma plena. Marssiclea Brito, assessora de acessibilidade da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, explicou as mudanças e melhorias implementadas ao longo dos anos.

“A acessibilidade já existe há bastante tempo aqui. Primeiro, na parte estrutural, nós já tínhamos rampas, e o piso tátil foi implementado no ano passado. A plataforma de acessibilidade e o elevador, para permitir acesso ao primeiro piso, foram instalados este ano”, contou Marssiclea. Ela também destacou os serviços que o teatro oferece há mais tempo, como a audiodescrição e a tradução em Libras, que estão disponíveis desde 2008.

Além disso, Marssiclea enfatizou o treinamento contínuo de estagiários e equipes que realizam o atendimento durante os espetáculos. “Aqui no teatro, existe uma rotatividade muito grande de estagiários que fazem a visita guiada. Por conta disso, sempre estamos preocupados em oferecer treinamento contínuo a essas pessoas”, declarou.

A responsável pela acessibilidade também falou sobre as recentes inovações que estão sendo implementadas para ampliar a inclusão. “Esse ano, adquirimos abafadores para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que muitas delas precisam durante os espetáculos. Também disponibilizamos tablets para pessoas com deficiência auditiva, permitindo que acompanhem os espetáculos em Libras”.

Marssiclea também reforçou a abordagem colaborativa no ambiente de trabalho, ressaltando que, no Teatro Amazonas, não há diferenciação entre os funcionários com deficiência. “A inclusão é feita de uma forma tão efetiva que nem notamos a diferença. Todos nós trabalhamos de forma conjunta, e o trabalho flui naturalmente”, concluiu.

Com essas ações, o Teatro Amazonas reafirma seu papel como um espaço acessível e acolhedor, proporcionando uma experiência cultural enriquecedora para o público PCD e promovendo a inclusão.