Apesar das promessas do presidente Jair Bolsonaro (PL) em manter o novo valor do Auxílio Brasil em R$ 600 também no ano que vem, a equipe econômica manteve em R$ 400 o valor do benefício do programa que substituiu o Bolsa Família, na verdade, em R$ 405 como valor médio mensal para 21,6 milhões de famílias.
O valor está abaixo dos atuais R$ 600 prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em campanha. De acordo com o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, o custo do programa no ano que vem será em torno de R$ 105,7 bilhões.
Pelas contas da Tendências Consultoria, por exemplo, o custo dos R$ 200 adicionais no benefício para 20 milhões de pessoas seria de R$ 52 bilhões, montante que não é possível cortar nas despesas discricionárias (não obrigatórias) do Orçamento, que ficaram em R$ 108,2 bilhões.
Colnago confirmou o valor de R$ 52 bilhões de custo adicional se o auxílio for mantido no valor atual, de R$ 600, e reforçou que o governo continuará “procurando fontes” para fazer frente a essa despesa no ano que vem, que somaria R$ 157,7 bilhões.
Segundo ele, a mensagem presidencial enviada ao Congresso com o PLOA de 2023 consta que é importante o reajuste do beneficio e a revisão da tabela do Imposto de Renda, mas essas despesas não estão previstas no Orçamento.
“Vamos buscar fontes para serem medidas fiscalmente neutras”, disse o secretário.
Conforme dados do PLOA de 2023, o rombo fiscal das contas do governo federal será de R$ 63,7 bilhões, levemente abaixo da meta fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem permite um rombo de até R$ 65,9 bilhões em 2023.
No PLOA, o valor previsto para o salário mínimo será de R$ 1.302, dado R$ 92 acima do valor atual, de R$ 1.212, e R$ 10 a mais do que a previsão da LDO.
Promessa é o auxílio
A campanha na TV para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) terá como foco a promessa de manter o Auxílio Brasil a R$ 600 em 2023, mesmo que o valor não esteja previsto no Orçamento feito pelo próprio governo para o ano que vem. Os vídeos também vão frisar que o Bolsa Família acabou e que o Auxílio Brasil é o programa do governo Bolsonaro.
As peças, às quais o UOL teve acesso, levam a mensagem de que o nome do benefício mudou para Auxílio Brasil, que o programa foi criado por Bolsonaro e que o valor vai ser mantido após a eleição.
“O [ministro da Economia] Paulo Guedes vai dar um jeito, é promessa de campanha”, afirma um integrante do time de Bolsonaro.
A equipe da campanha está testando vídeos com diferentes roteiros junto a grupos de eleitores em pesquisas qualitativas para decidir qual o melhor formato para veicular. Os testes estão sendo feitos em diferentes cidades, com foco no Nordeste.
O entorno do presidente aposta que o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais deve ser visto a partir da próxima semana por causa do pagamento do Auxílio Brasil, que começou em agosto, e das quedas no preço da gasolina ao longo do último mês.
A ideia é que apenas ele apareça nos programas que tratam do benefício social, sem a participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O general Braga Neto, vice na chapa de Bolsonaro, deve ficar de fora do horário eleitoral gratuito.
Auxiliares de Bolsonaro afirmam que ele ainda tem espaço para conquistar eleitores de baixa renda. A aposta é que, como há mais de 20 milhões de pessoas para receber dinheiro do programa, grande parte dos eleitores ainda não tinha tido acesso a essa verba e, portanto, o humor do eleitorado vai estar diferente nas próximas sondagens dos institutos.
O mesmo raciocínio é feito em relação a grupos de profissionais cujo trabalho está atrelado ao preço da gasolina: a campanha identificou descontentamento entre taxistas, por exemplo, que agora já se mostram mais otimistas com o governo.
Integrantes da campanha reconhecem que declarações de Bolsonaro sobre como minimizar a fome no Brasil não ajudam a conquistar o eleitor de baixa renda. Por outro lado, dizem que isso não é determinante para perder voto porque o eleitor do presidente entende que esse é o jeito dele e que suas falas são mal interpretadas.
Com informações de Correio Brasiliense e UOL