Os sauins-de-coleira (Saguinus bicolor), pequenos primatas que transitam pelas matas de Manaus, ganharam mais duas passarelas suspensas construídas, por meio de parceria firmada entre a Amazonas Energia e o Projeto Sauim-de-coleira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A medida visa diminuir os riscos de os animais serem atropelados, contribuindo ainda mais para sua extinção.
As construções mais recentes, feitas em áreas arborizadas do bairro Cidade Nova, zona Norte, e inauguradas no início de novembro, correspondem as cinco passarelas que estão sob a responsabilidade da empresa. Elas também são chamadas “passagem de fauna” e costumam ser erguidas em locais onde não causem transtorno à vizinhança.
As passarelas servem como forma de compensação ambiental após a Amazonas Energia instalar rede elétrica ou usinas em espaços de circulação dos primatas, com licença concedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). As duas últimas foram financiadas pelo Projeto Sauim-de-coleira.
Apoio logístico
Segundo a analista ambiental Eliza Sena, da Amazonas Energia, a concessionária colaborou dando apoio logístico. “Levamos uma equipe ao local onde foi prevista a instalação das passarelas, transportamos os postes utilizados, realizamos a perfuração e instalação deste e providenciamos o isolamento da área enquanto o trabalho era feito. Tudo isso para não oferecer risco tanto aos animais, quanto aos profissionais envolvidos durante o processo”, explicou Eliza
A primeira passarela feita pela empresa foi inaugurada no dia 29 de maio, no Parque Sumaúma, próximo à avenida Governador José Lindoso (das Torres), zona Norte de Manaus. Até o final de dezembro deste ano, outras duas serão instaladas, completando as cinco programadas pela parceria. Segundo a analista ambiental, o Projeto Sauim-de-coleira tem o mapeamento das áreas prioritárias a circulação do primata e que precisam de passagem de fauna.
Parceria é fundamental
O Dr. em Biologia Marcelo Gordo, coordenador do Projeto Sauim-de-coleira, afirma que a parceria com a Amazonas Energia é fundamental para reduzir custos na construção das passagens de fauna e, também, para viabilizar questões técnicas de segurança envolvendo os locais, onde há rede elétrica. Segundo ele, a estrutura das construções tem como base dois postes e o caminho por onde transitam os primatas é construído com malha de aço galvanizado e cabos de aço para sustentação.
De acordo com Marcelo Gordo, estima-se que existam cerca de 36 mil exemplares da espécie ao longo de sua distribuição geográfica restrita à região Manaus. Entretanto, dentro dos fragmentos de floresta existentes em Manaus, os números são bem reduzidos. “O fragmento de mata onde fica a Ufam, com mais de 700 hectares, contém menos de 150 sauins-de-coleira; o Parque do Mindu, com cerca de 40 hectares, tem somente 15 animais; e o Sumaúma, com pouco mais de 50 hectares, tem cerca de 20 exemplares”, explica o biólogo.