O Estado do Amazonas atravessa uma grave crise ambiental, marcada pela antecipação da seca dos rios e um recorde histórico de queimadas. A seca, que já afeta quase 290 mil pessoas, tem imposto dificuldades significativas para a população, como a escassez de insumos e o aumento nos preços de produtos essenciais. Comunidades indígenas e ribeirinhas correm o risco de ficarem isoladas, agravando ainda mais a situação humanitária no estado.
Em agosto de 2024, o número de focos de calor no Amazonas ultrapassou 7 mil, um aumento expressivo em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento está ligado à combinação de fatores naturais, como os fenômenos El Niño e La Niña, que têm impactos opostos na região Norte, e à ação humana, através de queimadas ilegais e desmatamento. As previsões indicam que a seca deste ano pode ser tão severa quanto a de 2023, que foi a pior registrada na história do estado.
A descida dos rios no Amazonas, iniciada de forma precoce em junho de 2024, já apresenta níveis críticos. O Rio Negro, por exemplo, baixou quase dois metros em agosto, atingindo 21,93 metros, o que compromete a navegação e o abastecimento de cidades inteiras. Situações semelhantes foram observadas em outros rios importantes do estado, como o Solimões e o Amazonas, causando dificuldades na logística e abastecimento em municípios como Tabatinga e Coari.
O impacto econômico da seca é evidente nas feiras de Manaus, onde o preço de alimentos regionais, como a macaxeira e a laranja, disparou. Em algumas regiões, como Envira, os valores dos alimentos dobraram, refletindo a escassez e as dificuldades de transporte. A situação também preocupa as autoridades eleitorais, que anteciparam o envio das urnas eletrônicas para o interior do estado, temendo que o isolamento das comunidades prejudique o processo eleitoral.
As queimadas, que têm atingido proporções alarmantes, também estão contribuindo para uma crise de saúde pública, com ondas de fumaça que chegam a cobrir cidades inteiras, como Manaus, por dias. Além do impacto direto na população, os incêndios estão colocando em risco áreas residenciais e ameaçando a infraestrutura local, como estaleiros e pastagens, em municípios como Manacapuru e Apuí.
Estudos recentes alertam para o aumento da vulnerabilidade das comunidades ribeirinhas e indígenas diante de eventos climáticos extremos, como secas e inundações. Mais de 2,2 mil comunidades podem enfrentar isolamento prolongado devido à seca, comprometendo o abastecimento de alimentos e suprimentos médicos. Com o agravamento das condições climáticas e a persistência da seca, o Amazonas se vê em um cenário desafiador, que exige ações urgentes para mitigar seus efeitos devastadores.
Com informações do G1 e CNN