As primeiras 24 horas após a suspensão da plataforma X no Brasil, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foram marcadas por intensos debates e repercussões tanto nacionais quanto internacionais. A decisão de tirar do ar a rede social, pertencente ao bilionário Elon Musk, foi vista como um marco na relação entre grandes empresas de tecnologia e o sistema judicial brasileiro. O bloqueio, que ocorreu devido à recusa da plataforma em cumprir ordens judiciais relacionadas à desinformação e ataques à democracia, levantou questões sobre a sustentabilidade financeira da empresa no Brasil, onde já vinha perdendo usuários nos últimos meses.
Internacionalmente, a medida gerou um misto de apoio à decisão do STF e críticas à postura de Musk. Veículos como o The New York Times e o The Washington Post destacaram que o bloqueio foi resultado direto da desobediência da plataforma às leis locais. Além disso, a mídia internacional ressaltou o contexto político no Brasil, mencionando o apoio de Musk à extrema direita e sua conexão com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O francês Le Monde, por exemplo, considerou que a suspensão da plataforma era previsível, dado o crescente conflito entre Musk e o ministro Moraes nos últimos meses.
No Brasil, a reação ao bloqueio do X foi imediata, com muitos usuários migrando para redes sociais alternativas. Plataformas como BlueSky, Threads, Mastodon e Reddit registraram um aumento significativo no número de novos usuários, com a BlueSky se destacando por ter ganho 1 milhão de novos adeptos em apenas três dias. A migração para essas redes alternativas demonstra não apenas a insatisfação com o X, mas também a busca por plataformas que garantam maior estabilidade e respeito às leis locais. Esse movimento de usuários pode representar uma ameaça ainda maior à receita da plataforma de Musk no Brasil.
Além do impacto direto sobre os usuários e a receita do X, a decisão de Moraes também levantou discussões sobre a liberdade de expressão e o papel das redes sociais na disseminação de informações. A criação do perfil “Alexandre Files” na própria plataforma X, com o intuito de expor supostas “diretivas ilegais” do ministro, mostra que o embate entre Musk e o STF está longe de ser resolvido. A reação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pediu reconsideração da multa imposta pelo uso de VPNs para acessar o X, reforça a complexidade do caso, que envolve direitos fundamentais e a necessidade de regulação das grandes empresas de tecnologia.
Por fim, a suspensão do X no Brasil pode ser vista como um marco na história das relações entre empresas de tecnologia e o sistema jurídico de países democráticos. O caso coloca em evidência a necessidade de um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade das plataformas na prevenção da desinformação e na proteção da democracia. Ao mesmo tempo, destaca os desafios que as empresas de tecnologia enfrentam ao operar em diferentes jurisdições, onde as leis e expectativas podem variar significativamente. Como essa situação se desenrolará nos próximos dias e meses poderá ter implicações profundas não apenas para o X, mas para toda a indústria de redes sociais no Brasil e além.