Foliões devem ter atenção à ‘doença do beijo’ no Carnaval; entenda o porquê

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Jovens entre os 15 e 25 anos são os mais acometidos pela chamada ‘doença do beijo’. A transmissão da ‘mononucleose’, como é denominada a patologia pelos profissionais de saúde, é ainda mais frequente nesta época do ano, com a realização do Carnaval, cujas festividades favorecem o contágio. A enfermidade é causada pelo vírus Epstein-Barr (da família do vírus do herpes).

“A ‘doença do beijo’ afeta a região da orofaringe, logo ‘atrás da boca’, e costuma causar dor de garganta, febre, fadiga e gânglios inchados ao redor do pescoço. A transmissão acontece pelo contato íntimo e direto com um indivíduo infectado, por meio de fluidos corporais, seja saliva, sêmen ou sangue. Além disso, o contato com os objetos contaminados da pessoa doente também pode ser fonte de contágio”, explica o infectologista Marcelo Cordeiro, consultor médico do Grupo Sabin.

Apesar de mais comuns nos jovens, a infecção atinge cerca de 95% dos adultos em todo o mundo (embora não manifeste sintomas em todos), conforme aponta um estudo publicado na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.

Outro fator que merece a atenção de brincantes do Carnaval é o caráter silencioso da doença nas primeiras semanas de infecção.

“A mononucleose tem um período de incubação que dura entre quatro a seis semanas, antes de apresentar os primeiros sintomas. No entanto, pode se prolongar por vários meses. Em todo esse tempo, o doente já transmite a doença, mesmo sem apresentar sinais”, explica Cordeiro.

A boa notícia é que há meios de prevenir a doença. O infectologista afirma que as mesmas orientações relacionadas à covid-19 podem ser aplicadas no caso da doença do beijo.

“Lavar bem as mãos, cobrir a boca ao tossir, usar máscaras, não compartilhar talheres ou outros objetos de uso pessoal e evitar aglomerações”.

Diagnóstico

Marcelo Cordeiro explica que o diagnóstico para mononucleose é feito, inicialmente, a partir da análise dos sintomas. Um dos principais sinais está ligado ao aparecimento de caroços no pescoço, um indicativo de que há uma infecção na garganta.

“O diagnóstico da mononucleose é baseado nos sinais e sintomas, aliados a exames de sangue. Um simples hemograma pode auxiliar no diagnóstico, porém, a confirmação se dá por exames que conseguem detectar o vírus, bem como anticorpos que produzimos contra ele”, afirma o médico.

O hemograma é realizado a partir de uma amostra de sangue e permite analisar alterações na composição sanguínea. A suspeita para mononucleose cresce quando se verifica a existência de grande quantidade de linfócitos atípicos, que surgem quando há infecções no corpo. A confirmação da doença, porém, só acontece com exames de sorologia, que podem identificar anticorpos contra o vírus Epstein-Barr, causador da doença.

Tratamento

Segundo o especialista, a mononucleose costuma ser benigna. No entanto, em pacientes imunodeprimidos, como aqueles vivendo com HIV ou câncer, é necessário ter atenção a dores de cabeça intensas, visão turva e diminuição da força muscular.

“Quando esses sintomas são frequentes e não melhoram, mesmo com uso de medicação, é necessário procurar atendimento médico imediatamente”, orienta.

Não há tratamento ou vacina específica para a doença. Marcelo Cordeiro afirma que a principal instrução é para o paciente se manter hidratado, em repouso e com alimentação saudável, que forneça bons nutrientes ao corpo, como legumes, verduras, proteínas e frutas.

“Caso aconteça a piora dos sintomas, a indicação é procurar um médico para avaliação do quadro”.