Melhorar a qualidade de vida urbana, arquitetônica, de patrimônio e das pessoas é um dos objetivos maiores de profissionais da arquitetura e urbanismo. E com a Prefeitura de Manaus não é diferente ao se projetar e aprimorar o espaço público e as intervenções, a fim de propor reabilitação de territórios, como o centro histórico da capital.
A prefeitura, dentro do projeto “Nosso Centro”, lançado ano passado pelo prefeito David Almeida, apresentou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Amazonas (Iphan-AM) propostas de requalificação de dois casarões da área, o de São Vicente (casa azul) e do amarelo, ambos na rua Bernardo Ramos. Após a entrada dos processos junto à autarquia federal, com autoria do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), a prefeitura espera a análise pelo corpo técnico federal, tendo como matriz a colaboração e valorização do patrimônio cultural do Centro.
“Apresentamos os projetos que se somam às propostas do largo e mirante da Ilha de São Vicente para reabilitação e reconversão de uso, uma vez que os casarões hoje abandonados, no passado, existiam como residências e, após a reforma e restauro, terão novas funções urbanas”, comentou o diretor de Planejamento do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
O casarão de São Vicente funcionará como um hub de inovação, tecnologia e empreendedorismo, enquanto o casarão amarelo será destinado ao acervo, exposição e adequação do Instituto Thiago de Mello, abrigando tão importante destaque ao poeta, escritor e amazônida nascido em Barreirinha.
Imóveis
Uma edificação datada de 1908, na rua Bernardo Ramos, de 474,86 metros quadrados de área, em situação de abandono, com quintal, vista para o rio Negro, classificada como imóvel de interesse de preservação de segundo grau, será o futuro Casarão Thiago de Mello.
“A casa é um patrimônio histórico de interesse de segundo grau e será totalmente restaurada, ganhando um novo uso, se integrando a outros imóveis na mesma rua e ao conceito do Mirante da Ilha”, comentou. O imóvel receberá uma exposição permanente sobre a obra, vida e história de Thiago de Mello.
E, nas proximidades da casa amarela, está o conhecido Casarão de São Vicente, que dará lugar a um hub de inovação e coworking com térreo, área para recepção e eventos, incluindo o piso superior, que ganhará um terraço com café e área de contemplação.
O casarão será ocupado pela Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), tendo um terraço com vista para o rio Negro.
Harmonia
Grande parte do passado do nascimento da cidade de Manaus pode ser visualizado hoje na rua Bernardo Ramos, uma das mais antigas de Manaus. Ao lado do Museu da Cidade e da praça Dom Pedro II, a via leva o nome de Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, político e comerciante que tinha uma coleção de mais de dez mil moedas.
É na Bernardo Ramos que estão as duas casas consideradas as mais antigas de Manaus, as de números 69 e 77, que hoje abrigam o Centro Cultural Óscar Ramos. As residências foram totalmente restauradas pela prefeitura e servem para abrigar o acervo do artista.
Feitas com parte da estrutura em taipa (barro e madeira), as casas conjugadas de número 69 e 77, carregam, em sua arquitetura, uma parte da história de Manaus, datada ainda do período colonial, anterior ao que mais comumente se encontra no centro histórico da cidade, construído no tempo áureo da borracha.
Os dois casarões estarão integrados ao largo do mirante da Ilha de São Vicente e comporá a dinâmica e o entorno dentro do “Nosso Centro”, cujas primeiras intervenções têm data de entrega para julho de 2023.