Influência de queimadas no Pará na qualidade do ar em Manaus e municípios do baixo Amazonas detectada por satélites

Foto: Divulgação/SES-AM

Imagens dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam a influência significativa de incêndios florestais no Estado do Pará, adjacente à região do Baixo Amazonas, na agravamento da fumaça sobre a capital Manaus a partir do final de outubro. Durante esse período, a qualidade do ar em Manaus novamente ficou comprometida.

De acordo com dados do Inpe, entre 26 de outubro e 3 de novembro, foram registrados 5.305 focos de incêndio no estado do Pará e, em menor escala, 149 focos na Região Metropolitana de Manaus (RMM).

No entanto, na sexta-feira, apenas 9 focos foram notificados pelo Inpe na RMM, enquanto 71 focos foram registrados no estado vizinho. As imagens do satélite GOES-16, fornecidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), indicam que o material particulado em suspensão está sendo transportado para a Região Metropolitana de Manaus devido ao fluxo de ventos, que enfrenta dificuldades para se dispersar devido à falta de chuvas e ao calor intenso, intensificados pelo El Niño severo deste ano.

“Podemos observar pelas imagens de satélite que todos os municípios influenciados pelo Rio Amazonas, que atua como uma via de transporte de ventos, até chegar a Manaus, têm sido afetados pela fumaça, mesmo sem focos de incêndio registrados”, explicou Eduardo Taveira, Secretário de Meio Ambiente do Amazonas.

Com a baixa precipitação, a massa de calor sobre Manaus deve continuar a afetar a qualidade do ar nos próximos dias, pois as partículas de fumaça têm dificuldades em se dispersar nessas condições.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a estação chuvosa no Amazonas em 2023 deve começar em dezembro, mas ainda pode ser influenciada pela persistência do El Niño, o que reduziria o desenvolvimento vertical das nuvens e os volumes de chuva, resultando em chuvas abaixo da média na região.

Em relação à prevenção e combate, desde março de 2023, o governo do Amazonas tem atuado ativamente nos municípios do sul do Amazonas e na Região Metropolitana de Manaus para combater os focos de incêndio. Operações como Tamoiotatá, Aceiro e Céu Limpo estão em andamento, e desde 11 de outubro houve um aumento na presença de forças ambientais e de segurança pública no combate aos incêndios na RMM.

Essas ações resultaram na redução dos focos de calor, de 675 registrados de 1º de outubro a 10 de outubro para 194 focos a partir de 11 de outubro até 2 de novembro. Pequenas chuvas na região também têm contribuído para essa redução.

Além disso, na terça-feira, 31 de outubro, mais 250 servidores, incluindo bombeiros, policiais militares, analistas ambientais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e agentes do Batalhão Ambiental da PM-AM, foram enviados para reforçar as operações em vários municípios da região. Outros 116 brigadistas do PrevFogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) continuam a atuar no combate na Região Metropolitana.

Links para visualização dos satélites:

Focos de calor
http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/queimadas/bdqueimadas/#mapa

Imagem do Satélite Goes 16 do dia 02 a 04 (fluxo de ventos)
https://www.star.nesdis.noaa.gov/GOES/sector_band.php?sat=G16&sector=nsa&band=GEOCOLOR&length=240&dim=0&refresh=true