Itália: partido pós-fascista de Giorgia Meloni vence eleições

Matteo Salvini, Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni em evento em Roma, setembro de 2022 — Foto. ALBERTO PIZZOLI . AFP

A extrema direita conquistou neste domingo (25) o poder na Itália, a terceira maior economia da União Europeia, com uma vitória histórica do partido de Giorgia Meloni nas eleições legislativas do país. Pela primeira vez desde 1945, o país está prestes a ser governado por uma liderança pós-fascista.

O partido Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, consolidou-se como maior força política neste domingo nas eleições no país, com 26% dos votos. O resultado é sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

“Se fomos escolhidos para governar este país, nós o faremos por todos os italianos, com a vontade de unir o povo e de nos concentrarmos naquilo que nos une, e não naquilo que nos divide”, disse, em um discurso logo após o anúncio dos resultados. “Chegou a hora da responsabilidade.”

Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem na tradição neofascista irá governar a Itália.

“Temos uma vantagem clara, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado”, comemorou Salvini no Twitter.

O Partido Democrático (PD), principal formação de esquerda, não conseguiu mobilizar o eleitorado para frear o avanço da extrema direita e teve 19% dos votos.

Já os antissistema do Movimento 5 Estrelas (M5E) obtiveram cerca de 17% dos votos, abaixo da pontuação histórica de mais de 30% alcançada em 2018, porém acima do que apontavam as pesquisas de opinião.

“Segundo as pesquisas de boca de urna, trata-se de um resultado histórico. A coalizão de direita obteria a maior porcentagem de votos registrada por partidos de direita na Europa ocidental desde 1945”, afirma o centro de estudos italianos Cise.

undada no fim de 2012 com ex-apoiadores de Berlusconi e figuras da direita neofascista, a formação superou o Partido Democrático (PD), de Enrico Letta, que concordou apenas com uma aliança com um pequeno setor da esquerda ambientalista.

A líder pós-fascista, de 45 anos, admiradora durante sua juventude de Benito Mussolini e conhecida por sua linguagem direta e eficaz desde seus anos como líder estudantil em Roma, será a primeira mulher a liderar o governo na Itália.

Juntamente com seus aliados, ela promete cortar impostos e bloquear imigrantes que cruzam o Mar Mediterrâneo, além de uma política familiar ambiciosa para aumentar a taxa de natalidade em um dos países com mais idosos no mundo.

A líder do partido de extrema direita Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, segura cartaz com dizeres 'Obrigado, Itália' em Roma após a eleição legislativa na Itália, em 26 de setembro de 2022 — Foto: Andreas Solaro/AFP

A líder do partido de extrema direita Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, segura cartaz com dizeres ‘Obrigado, Itália’ em Roma após a eleição legislativa na Itália, em 26 de setembro de 2022 — Foto: Andreas Solaro/AFP

A vitória de uma líder antieuropeia e nacionalista levanta muitas questões, inclusive em relação à União Europeia. Giorgia defende a revisão de seus tratados e até a sua substituição por uma “confederação de Estados soberanos”.

“Todos na Europa estão preocupados com Giorgia Meloni no governo. Acabou a festa, a Itália vai começar a defender seus interesses próprios”, advertiu.

A representante do pós-fascismo, que não tem medo de defender uma direita “pura e dura”, identifica-se com o lema “Deus, pátria e família” e promete lutar contra os grupos de pressão gay e as “teorias de gênero”.

A vencedora das eleições terá um papel primordial para o eixo da extrema direita radical na Europa, que passa por Suécia, Polônia e Hungria.

“Precisamos mais do que nunca de amigos que compartilhem uma visão e uma abordagem comuns da Europa”, reagiu um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

O governo que sair das eleições tomará posse no fim de outubro e terá um caminho cheio de obstáculos e sem muita margem de manobra. Terá que administrar a crise causada pela inflação galopante, enquanto a Itália já está à beira de um colapso com uma dívida que representa 150% do PIB, a mais alta da zona do euro, atrás da Grécia.

Informações portal G1