As lojas de Garantido e Caprichoso, que iniciaram as operações no Manauara Shopping na primeira quinzena deste mês de maio, superaram as metas mais audaciosas. Algumas peças registraram aumento de 50% nas vendas. Com a proximidade das lives dos bois, que ocorrerão quinta, sexta e sábado em substituição ao Festival Folclórico, os apaixonados têm comprado itens dos bois branco e negro para assistir à transmissão devidamente paramentados.
Nos primeiros dias de funcionamento, o estoque de máscaras, chaveiros da loja do boi da Baixa do São José esgotou. Os “perrechés” (torcedores do Garantido), que moram em Manaus e visitantes, que circulam pelo shopping, não resistiram ao charme das peças confeccionadas pelos artistas e artesãos da Ilha Tupinambarana.
As funcionárias públicas e amigas, Rosana e Janilce, entraram no espaço vermelho e branco com os olhos brilhantes. Sem olhar para os lados, elas foram direto para as araras das camisetas. Queriam peças novas para o guarda-roupa, que nos últimos dez anos aumenta a cada viagem para Parintins.
“Viajávamos para a ilha todo ano, mas este ano vamos apreciar os itens em família. Serão cerca de 25 pessoas. Todos usando a camiseta e adereços do coração vermelho. Nós quer matar um pouco da saudade dos momentos mágicos”, relatou Rosana Vieira.
Para decepção das amigas, as camisetas tão sonhadas (tamanhos P, M e G) haviam sido integralmente negociadas, mas o vendedor deu logo a boa notícia. “Hoje só sobrou o extra grande. Entramos em contato com os fabricantes e todos os modelos serão repostos pela manhã”, informou Jailton Aguiar. O vendedor explicou que a procura foi além do projetado. “Temos vendido mais de 50 camisas por dia, além dos kits compostos por blusa e caneca, blusa e escapulário, blusa e boné. Os produtos chegam, nós postamos nas mídias sociais e vem logo gente procurando”, completou.
Boi negro
Durante as 12 horas de funcionamento do mall, a loja do Caprichoso raramente está vazia. O boi do curral Zeca Xibelão atrai quem é encantado pelo azul e branco. Logo na entrada, o elemento principal, com a estrela na testa chamada a atenção.
O casal Karen Campos e Everson Soares, mesmo cansado pelas longas horas de trabalho, não tirou da agenda um compromisso que a médica e o advogado seguem religiosamente.
“Desde que nos conhecemos não deixamos de ir ao festival. Ficamos, inicialmente tristes com o cancelamento, mas substituímos a tristeza pela alegria de acompanhar nosso boi negro na tela da televisão. E não vamos estar sozinhos. A família inteira vai estar junta”, explicaram os dois, um completando a frase do outro. Quando falaram sobre o boi da preferência do filho José Vinícius de apenas 4 anos, os pais responderam rapidamente. “Aqui, não tem como, ele é azul”.
Nas prateleiras, do boi negro pequeno, restou apenas uma unidade. Para encontrar a camiseta preferida, só fazendo reserva ou tendo muita sorte. O vendedor explica que as vendas estão divididas entre os que apreciam o som da marujada e os que visitam o Manauara Shopping.
“Um grupo de turistas de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e de São Paulo veio aqui e comprou bastante. Só nesta terça-feira (22), nós vendemos 67 camisetas”, comemorou ao ritmo do boi bumbá, o vendedor Neto Malta.
As lojas reascenderam as esperanças dos artistas e artesãos de Parintins, que ficaram sem renda com o cancelamento do Festival e também dos desfiles das escolas de samba, eventos culturais que habitualmente contratavam os parintinenses para produzir os carros alegóricos e fantasias.
Os espaços ficarão abertos o ano inteiro, dando a oportunidade para centenas de profissionais da cultura popular venderem suas criações, alimentarem suas famílias e poderem viver do fruto do seu trabalho.