O Brasil se despediu de uma de suas maiores lendas do boxe, José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, que faleceu aos 66 anos, em São Paulo. Considerado um dos maiores pesos-pesados do país, ele lutou contra a encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística, uma doença causada pelos impactos repetidos na cabeça ao longo de sua carreira. Diagnosticado em 2013, Maguila travou uma batalha de 18 anos contra a doença, que refletia os desafios de uma carreira marcada por lutas intensas e momentos gloriosos.
Nascido em Aracaju, em 1958, Maguila iniciou sua trajetória no boxe inspirado por ícones como Muhammad Ali. Mudou-se para São Paulo aos 14 anos, em busca de uma vida melhor, e superou diversas adversidades antes de encontrar seu caminho nos ringues. Estreou profissionalmente em 1981 e logo conquistou o título brasileiro, tornando-se uma figura de destaque no esporte. Durante sua carreira de 17 anos, acumulou 77 vitórias em 85 lutas, sendo 61 delas por nocaute, e foi campeão sul-americano e mundial pela Federação Mundial de Boxe (WBF).
Entre seus momentos mais marcantes, estão as lutas contra nomes consagrados do boxe mundial, como Evander Holyfield e George Foreman. Mesmo não saindo vitorioso nesses duelos, Maguila mostrou sua garra e deixou uma impressão duradoura, elevando o nome do boxe brasileiro no cenário internacional. Seu carisma e a forma humilde como se apresentava o tornaram uma figura querida por fãs do esporte, conquistando respeito dentro e fora do ringue.
Apesar de ter encerrado a carreira em 2000, Maguila continuou presente na vida pública, envolvido em eventos e como comentarista. Porém, os últimos anos foram difíceis, marcados pela luta contra a doença degenerativa que afetava sua memória e comportamento. Morando em uma clínica em Itu, ele recebeu cuidados para garantir a melhor qualidade de vida possível. Mesmo debilitado, Maguila manteve seu espírito alegre e continuou a enviar mensagens de carinho aos fãs que sempre o apoiaram.
Sua esposa, Irani Pinheiro, esteve ao seu lado durante toda essa jornada e foi uma das principais responsáveis por cuidar do ex-boxeador. Emocionada, ela relatou os desafios enfrentados e a decisão da família de doar o cérebro de Maguila para pesquisas, contribuindo para o entendimento das consequências das lesões cerebrais no esporte. Essa iniciativa visa ajudar a desenvolver medidas que possam proteger futuros atletas, deixando um legado que vai além de seus feitos nos ringues.
Maguila será lembrado não apenas por suas conquistas e recordes, mas pela luta que travou dentro e fora dos ringues, inspirando milhões de brasileiros. Sua história é de superação, de um menino que saiu do interior do Sergipe para conquistar o mundo, e que agora descansa, eternizado como um dos grandes ícones do esporte nacional.