Maternidade Moura Tapajóz realiza mesa-redonda sobre acolhimento às diversidades

Foto: Divulgação/Semsa

A Maternidade Dr. Moura Tapajóz (MMT), da Prefeitura de Manaus, promoveu, nesta quinta-feira, 4/4, uma mesa-redonda sobre o tema “Acolhimento às Diversidades Étnicas, Culturais e Sociais na Maternidade”. Durante o evento, foram abordados os temas: Acolhimento às mulheres privadas de liberdade, às mulheres migrantes, às mulheres em situação de rua e também o acolhimento da população LGBTQI+, além de ser debatido o Sistema de cura e cuidado em saúde em contextos interculturais.

A chefe da Divisão de Ações Estratégicas da MMT, Loiana Alencar de Melo, abriu a manhã lembrando que todos os grupos sobre os quais o evento discutiu já são, de alguma forma, penalizados ou vitimizados e que, no acesso à rede de saúde, não deve acontecer uma repenalização ou uma revitimização dos mesmos.

“Atender, já atendemos todos. Acolher, acolhemos todos, mas temos que avaliar as nossas fragilidades e discutir as formas como devemos atender e incluir as diversidades no nosso contexto, estabelecendo fluxos e estratégias específicos para podermos avançar e reconhecer o direito à saúde de cada cidadão”, destacou Loiana.

Participaram da mesa-redonda a enfermeira Andreza Mendes dos Santos, coordenadora Estadual da Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade; a assistente social Wanja Socorro de Sousa Dias Leal, da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa); a gerente da Diversidade e Orientação Sexual, Joyce Alves Gomes, e a assistente social Maria das Graças Soares Prola, subsecretária municipal de Políticas Afirmativas para as Mulheres e de Direitos Humanos, ambas da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc); o enfermeiro Esron Soares Carvalho Rocha, diretor da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e diretor de Ensino e Pesquisa da Associação Brasileira de Enfermagem Seção Amazonas (Aben-AM); e a psicóloga Janaína Maciel Braga, coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa do Instituto da Mulher Dona Lindu e pró-reitora de Extensão da Universidade Nilton Lins.

A assistente social Wanja Leal falou sobre o acolhimento às mulheres migrantes e reforçou a necessidade de haver ações interinstitucionais e transdisciplinares para o enfrentamento da situação.

“A legislação do Sistema Único de Saúde (SUS) determina que saúde é um direito de absolutamente todas as pessoas que se encontram no território brasileiro, independentemente de nacionalidade, cor, etnia, religião, classe social, sexo ou qualquer outra característica que as diferencie dos demais. Nosso papel é acolher as populações que chegam ao Brasil, principalmente em razão de deslocamento forçado, e evitar e combater possíveis violências, exploração sexual, adoecimentos, preconceitos e violação dos direitos humanos pelos quais essas pessoas podem ser submetidas em consequência da situação de vulnerabilidade em que normalmente se encontram”, explicou a assistente social.

Wanja também lembrou que o atendimento às mulheres incluídas no conceito de diversidade deve ser feito de acordo com suas necessidades e especificidades regionais e culturais. “O Ministério da Saúde estabelece a importância de se diferenciar igualdade de equidade, pois se oferecêssemos no SUS exatamente o mesmo atendimento para todas as mulheres, da mesma maneira, em todos os lugares, provavelmente estaríamos oferecendo coisas desnecessárias para algumas e deixando de atender às necessidades de outras, e, desse modo, mantendo as desigualdades”, concluiu.

No processo de humanização da assistência e do acolhimento às diversidades étnico-culturais, a Moura Tapajóz inaugurou em dezembro de 2020 o primeiro leito preparado especialmente para as pacientes indígenas que chegam à unidade.

O espaço conta com rede e decoração temática, além de adesivagem com as mensagens “sinta-se em casa” e “vidas indígenas importam” nas línguas indígenas Tukano, Sateré-Mawé, Kokama e Ticuna. Segundo o enfermeiro obstetra e gerente de enfermagem da MMT, Everton de Freitas Gomes, o local é usado caso a paciente prefira realizar seu parto de cócoras com as mãos apoiadas na rede, e todo o protocolo de atendimento também foi adequado às tradições e necessidades da mulher indígena.

“Sabemos quão importante é entender o outro para ver como podemos oferecer o melhor cuidado. Por isso, estudamos o nosso público e buscamos nos aproximar o máximo possível da cultura e tradição das mulheres indígenas no momento do parto. E já constatamos que o fato de elas se sentirem mais acolhidas, inseridas no ambiente e confortáveis, influencia inclusive no tempo de recuperação”, ressaltou o gerente.