Parlamentar que parava o Senado, como lembrava em sua propaganda, tucano da elite dos dois governos do PSDB (1995-2002), político de expressão nacional, o ex-prefeito de Manaus Arthur Neto, 76 anos, vê hoje o desgaste do tempo e seu bico pesar.
Derrotado em sua tentativa de voltar ao Congresso, o líder tucano viu neste domingo o esgarçar de seu prestígio com a votação que recebeu em Manaus.
Na cidade que governou por oito anos (2013 e 2020), Arthur perdeu a eleição. Ficou em 3º lugar com 9,53% dos votos. Foi uma derrota acachapante.
Ele perdeu para Alfredo Menezes (PL), o candidato do presidente Bolsonaro, que nunca teve um mandato.
Perdeu também para o senador Omar Aziz (PSD), seu ex-aliado e hoje desafeto. E mais: viu Omar se reeleger, numa disputa emocionante, da qual não teve protagonismo.
Mas o declínio de Arthur Neto pode ser visto num tempo mais pretérito. Para começar, ele nunca teve uma base.
A própria organização do partido é uma demonstração disso. Ele nunca se afastou do controle do PSDB-AM. Quando o fez, colocou seu filho na presidência, Arthur Bisneto, ou mantendo seu braço direito, Mário Barros, espécie de faz tudo na legenda.
Prévias do PSDB
No ano passado, o ex-prefeito de Manaus tentou emplacar seu nome como candidato a presidente da República.
Mas acabou sendo o último colocado da disputa, com pouco mais de 1% dos votos (1,35%).
Seu jogo nacional foi interpretado no meio político como uma estratégia de obter mídia para seu projeto regional ao Senado.
Desmoralização
Regionalmente, este ano, Arthur viria a ser exposto a uma ação de desmoralização puxada por um ex-aliado, o senador Plínio Valério.
Isso foi em março, quando o tucano tentava fortalecer sua então pré-candidatura a senador. Essa movimentação previa a filiação do ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania) no PSDB.
Mas Plínio Valério bateu o pé. Disse que o cacique não entraria nas fileiras tucanas, de jeito nenhum. Ele não apenas falou, mas agiu contra a filiação de Amazonino.
Sem anteparo
Com tudo isso, o problema maior para Arthur não será ficar sem mandato, ser representante do Amazonas no Senado.
Como ex-prefeito, com um caso policial lhe assombrando, o caso Flávio, poderá significar a perda de sua própria proteção em pós-mandato.
Com informações do BNC Amazonas