‘O Contractador dos Diamantes’ encena última récita e se despede do Festival Amazonas de Ópera

Foto: Marcio James/Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Ópera responsável pela abertura da 25ª edição do maior festival do gênero da América Latina, “O Contractador dos Diamantes”, do compositor brasileiro Francisco Mignone, faz sua última apresentação no Festival Amazonas de Ópera (FAO) nesta quinta-feira (18/05), às 20h, no Teatro Amazonas.

A montagem é mais um dos inúmeros serviços que o FAO presta à música lírica brasileira. Afinal, o terceiro ato da obra estava perdido e foi recuperado justamente para ser encenado no festival, após aproximadamente 70 anos desde sua última montagem.

A ópera, baseada em peça de Afonso Arinos sobre a exploração das minas de diamantes no interior mineiro no século 18, foi apresentada no Brasil, apenas duas vezes: 1924 em São Paulo e, nos anos 50, no Rio de Janeiro. Desde então, alguns dos manuscritos originais das partituras desapareceram. Para resolver a questão e apostar na versão manauara, a direção do Festival Amazonas de Ópera firmou parceria nacional.

“Quando eu quis resgatar esse material para montá-la descobri que o terceiro ato tinha se perdido. Tinha as partituras do primeiro e do segundo, mas não do terceiro ato. Entrei em contato com a Academia Brasileira de Música, na época precedida por João Guilherme Ripper e decidimos restaurar esse material a partir das partes orquestrais que existiam. E isso possibilitou que a gente esteja, agora, apresentando para o público O Contractador dos Diamantes”, revela o diretor artístico do festival, Luiz Fernando Malheiro, regente titular da Amazonas Filarmônica.

O festival é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), com patrocínio master do Bradesco e apoio cultural do Grupo Atem e da Companhia de Gás do Amazonas, além da aprovação na Lei de Incentivo à Cultura.

O cenário grandioso, produzido na Central Técnica de Produção (CTP) com mão de obra local, preenche a totalidade do palco do teatro. É o maior já montado em todas as edições do festival, chegando a sete metros de altura com sua estrutura de grandes torres de ferro, madeira e gradis.

O figurino de época também foi confeccionado no Amazonas. Materiais que, após temporada manauara, serão levados para a turnê da ópera no Teatro Municipal de São Paulo. A parceria é o resultado de um termo de coprodução entre o festival amazonense e o teatro paulista.

Elenco

Acompanhados pela Amazonas Filarmônica, o Coral do Amazonas, o Corpo de Dança do Amazonas e artistas locais encenaram a montagem brasileira.

Nesta edição, também teve estreia no palco do Teatro Amazonas. A soprano mexicana Fernanda Allande, que interpreta a personagem “Cotinha Caldeira”, conta sobre a experiência.

“Estou muito emocionada, não sabia o que esperar, porque eu investigava, buscava na internet que era uma casa de ópera muito boa, um teatro espetacular, mas quando eu cheguei, pela primeira vez, vi que era melhor que o google”, assegurou a solista.

“Tem uma importância muito grande porque é a minha estreia cantando aqui no Brasil. Eu já havia cantando só em um concurso [em São Paulo], mas desta vez estou voltando como solista em uma ópera no Brasil, melhor ainda fazê-lo em um teatro tão bonito”, disse Fernanda.

De um lado artistas estreantes, do outro os veteranos locais, como Neuriza Figueira. Ela participou da montagem da ópera Peter Grimes, no festival do ano passado.

“Tem muitos artistas participando, o Coral do Amazonas, o Corpo de Dança, o nosso corpo de atores também, muitos vêm do Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro. Eu sou do Liceu, desde 2015, fiz minha carreira através do Liceu e sou muito grata. O FAO é uma grandiosidade aqui para nós”, assegura a artista.