Segurança/RR – A PCRR (Polícia Civil de Roraima), por meio da DRCAP (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública) e Decor (Divisão Especial de Combate à Corrupção), deflagrou nas primeiras horas desta quarta-feira, dia 8, a operação Avatar, que apura ilícitos praticados com a inserção de dados falsos no sistema do Detran-RR (Departamento Estadual de Trânsito). Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
O delegado geral da PCRR, Herbert de Amorim Cardoso, destacou que há uma diretriz do governador Antonio Denarium para que as forças de segurança de Roraima atuem de forma integrada no combate à corrupção.
“Fortalecemos a DRCAP e Decor de forma que esses crimes, que refletem diretamente no cidadão, não sigam prosperando em nosso Estado, cumprindo assim a Lei e as diretrizes do governador Antonio Denarium”, disse.
Investigação teve início há três meses
Para falar da ação, o delegado geral concedeu entrevista coletiva no final da manhã desta quarta-feira, acompanhado do diretor presidente do Detran-RR, Igor Brasil, e do delegado titular da Decor, Juseilton Costa e Silva. De acordo com Juseilton Costa, há três meses teve início a investigação, quando o diretor-presidente do Detran-RR, Igor Brasil, comunicou que uma possível fraude poderia estar ocorrendo na instituição.
“O diretor-presidente foi informado que estavam tendo acesso ao sistema do Detran e modificando os resultados de provas de condutores. A partir dessa comunicação, começamos a nossa investigação, verificando os endereços de acessos e quem estava fazendo esses acessos. Com o levantamento, ingressamos com o pedido judicial de mandado de busca e apreensão”, detalhou o delegado.
Ainda conforme o delegado, para a prática das fraudes com a inserção de dados falsos, uma das senhas reativadas pelos fraudadores foi de um ex-diretor-presidente do Detran-RR. A operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão em residências, autoescolas de pessoas envolvidas na fraude e, desses, um mandado foi cumprido no Detran-RR, onde um funcionário terceirizado foi afastado de suas funções, para que seja averiguada a participação dele no esquema criminoso.
“Cumpridos os mandados de busca e apreensão, agora estamos ouvindo essas pessoas que residem e trabalham nos locais em que efetivamos o trabalho. Estamos investigando a participação dessas pessoas para apontarmos quem são todos os envolvidos na fraude”, destacou o delegado.
Trabalho integrado entre as forças de segurança
O delegado geral destacou a importância da integração entre as forças de segurança no combate à criminalidade. De acordo com Herbert de Amorim Cardoso, três autoescolas pertencentes a uma mesma família foram alvos da operação.
Ele disse ainda que os alunos que retiraram as carteiras serão intimados a depor e investigados pelo crime de falsidade ideológica. As pessoas que atuam nas autoescolas nessa prática criminosa e um funcionário de uma empresa terceirizada que atua dentro do Detran-RR vão responder pelo crime de peculato eletrônico.
“Essas fraudes não podem prosperar. Quando se frauda resultado de provas, há um crime grave em andamento que pode destruir vidas. Lá na frente, um pai de família pode ser morto no trânsito porque houve uma fraude e aquele motorista não está habilitado a conduzir veículos”, observou.
Empresas que participaram das fraudes serão descredenciadas pelo Detran
Durante a entrevista coletiva, o diretor-presidente Detran-RR, Igor Brasil, assegurou que as autoescolas que participaram das fraudes serão descredenciadas. Sobre a operação Avatar, o diretor apontou que se tratou de uma ação de Governo.
“O governador Antonio Denarium, desde o primeiro momento em que nos confiou essa atribuição, nos determinou um combate enérgico à corrupção e é isso exatamente que estamos cumprindo. Quando tomamos conhecimento de que tinha um cidadão que havia sido reprovado no teste prático e que tinha ido buscar sua habilitação, nos deixou em alerta. Fomos buscar relatórios para verificar o que estava acontecendo e observamos que tinha ex-servidores alterando os resultados das provas. Verificamos que o primeiro caso foi em dezembro de 2019 e comunicamos, então, ao delegado geral para que se iniciasse uma investigação”, detalhou.
Brasil disse ainda que a Decor iniciou as investigações e, com a operação Avatar deflagrada, já com pessoas sendo investigadas, o Detran-RR fará auditorias periódicas e mudará perfis dos servidores com acesso ao sistema.
“Também vamos fortalecer essa vigilância em relação às fraudes. Com relação aos ex-alunos, que obtiveram essas habilitações fraudulentas, vamos abrir processos administrativos para poder cancelar essas Carteiras de Habilitação. Vamos também descredenciar as autoescolas que estão envolvidas nesse esquema”, ressaltou.