A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), destaca os dias nacionais dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e Agentes de Combate às Endemias (ACEs), celebrados nesta quarta-feira, 4/10. Na atenção primária do município, esses trabalhadores têm papel fundamental nas ações de vigilância epidemiológica, prevenção e promoção da saúde, com a integração entre a rede básica e a coletividade e ampliando o alcance da assistência na capital.
Atualmente, a Semsa conta com 1.679 ACSs na rede de Atenção Primária à Saúde (APS). Os profissionais de saúde atuam mais próximo da população, realizando visitas domiciliares e comunitárias, com enfoque na prevenção a doenças e na promoção da saúde, de modo a ampliar o acesso dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) aos serviços da atenção básica.
O gerente de Promoção à Saúde da Semsa, Tayanan Medeiros, explica que os ACSs integram equipes multiprofissionais nas unidades básicas, acompanham usuários e levam ações de educação em saúde às famílias, dentro de seus territórios específicos de atuação. Fazem, ainda, um mapeamento epidemiológico, identificando crianças, idosos e gestantes, além de usuários com agravos específicos, como hipertensos, para subsidiar as ações das equipes de saúde às quais são vinculados, em uma ponte entre os serviços da APS e a comunidade.
“É um papel importante porque eles são, muitas vezes, o primeiro contato do usuário com a rede básica de saúde”, afirma o gerente.
A proximidade com as necessidades de saúde e realidade dos usuários é justamente uma das razões que motivam Francisca Audeniza Teles, que atua há mais de 25 anos como ACS. “Eu me orgulho muito de meu trabalho, pois atuo em uma área de muita vulnerabilidade. Eu visito as famílias, casa a casa, levando os médicos e conhecendo a situação de cada um”, declara Audeniza.
A atuação de Audeniza impacta diretamente na vida de pessoas como a autônoma Lenice da Silva Arcanjo, que destaca o trabalho da ACS em levar serviços de saúde aos usuários que não têm como ir regularmente à unidade básica.
“Muita gente trabalha, não tem condições de ir, e ela compreende isso. Sempre busca a melhoria para a comunidade, com visitas de médicos, marcação de exames, às vezes, até liga para a pessoa para marcar ou buscar um resultado”.
Monitoramento e cobertura
Tayanan lembra, ainda, que os agentes comunitários tiveram papel fundamental durante a pandemia, atuando na identificação de casos de Covid-19 e, principalmente, no acompanhamento dos usuários com a doença. “Ao lado do telemonitoramento, os ACSs faziam visitas a pessoas acometidas pela doença, permitindo à Semsa ter o controle e o acompanhamento desses usuários”, relata.
O gerente assinala ainda o papel efetivo dos ACSs na ampliação da cobertura da atenção primária em Manaus, relacionando o incremento de 300 profissionais da categoria nos quadros da Semsa, aprovados no concurso realizado em 2022 pela pasta, e a inclusão de mais de 100 mil cadastros na rede básica de saúde da capital.
“São pessoas que passaram a ser vistas e identificadas na rede de atenção primária a partir da atuação dos profissionais trazidos nesse chamamento”, destaca o gerente, pontuando que a cobertura da atenção básica em Manaus, hoje, se aproxima dos 80%.
Combate
Em outra linha de atuação, os ACEs exercem atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde, com foco em doenças endêmicas, a exemplo da dengue, zika, leishmaniose e malária. Mais de 700 profissionais da categoria prestam serviços na Semsa, cedidos pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) e pelo Ministério da Saúde, a partir da descentralização das ações do Serviço Único de Saúde (SUS).
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador da Semsa, Marinélia Ferreira, ressalta que o trabalho dos ACEs nas visitas a comunidades envolve múltiplas frentes. No combate ao Aedes aegypti, por exemplo, eles atuam tanto para eliminar infestações, com o uso de larvicidas, destruição de criadouros ou borrifação, quanto para informar e orientar usuários para evitar a reprodução do mosquito, transmissor da dengue, chikungunya e zika.
“Eles orientam moradores a fazer o checklist semanal de 10 minutos, listando e monitorando possíveis focos do Aedes em casa ou no trabalho. Isso impede que ele complete seu ciclo, passando de larva para adulto, reduz o número de mosquitos e a probabilidade de transmissão de doenças”, relata, pontuando ainda a atuação dos agentes na busca ativa de pessoas sintomáticas para as doenças transmitidas pelo Aedes.
Para eliminar os mosquitos, os agentes atuam também fora das casas, na identificação e destruição de focos nos espaços naturais e urbanos no entorno das edificações, no chamado manejo ambiental. A agente Raimunda Lucilene Silva, que combate endemias há 13 anos, assinala o alcance do trabalho dela e de outros profissionais, tanto no combate aos vetores de doenças quanto na relação com os comunitários.
“Vamos aonde muitos profissionais da saúde não conseguem ir. Tanto nas casas quanto na rua e entorno das residências, identificamos problemas e repassamos aos moradores os cuidados que precisam ter. E há uma confiança entre nós, profissionais, e a população”, aponta.
Capacitação
A Semsa vem apoiando a qualificação de ACSs e ACEs que atuam na rede primária, por meio do Saúde com Agente (PSA), parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o Ministério de Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Em agosto, o projeto realizou a formatura de 394 agentes, sendo 207 ACSs e 187 ACEs, em cursos técnicos em suas respectivas áreas, após dez meses de atividades.
Marinélia Ferreira assinala a valorização dos profissionais por meio da formação técnica. “E, uma vez que ele absorve novos conhecimentos e agrega valor à sua prática, isso vai permitir a ele realizar um trabalho com maior qualidade”, avalia.
Raimunda Lucilene foi uma das agentes que receberam o certificado do curso técnico em Vigilância em Saúde com ênfase no combate às endemias, voltado aos ACEs. Ela comemora a iniciativa da Semsa, Ministério da Saúde e instituições parceiras.
“É gratificante, pois a gente vê nosso trabalho como sendo de grande importância, para que a população tenha mais saúde. Ficamos felizes porque estamos salvando vidas, e toda vida é importante”, conclui.