Como todos sabem, a Covid-19 vem sendo considerada uma doença bastante traiçoeira, tanto pelo nível de sua evolução, quanto pela sua capacidade em deixar sequelas severas em pacientes que já tiveram a doença.
Ao longo do período de pandemia, por exemplo, são muitos os casos de pacientes pós-covid que vêm sofrendo com a queda capilar excessiva, que segundo especialistas podem durar meses e atingir 80% dos infectados.
Algumas pesquisas científicas já estudaram o assunto, no entanto, a causa e o tratamento da queda capilar relacionada à Covid, ainda não estão muito claros, por se tratar de uma doença nova.
De acordo com a dermatologista do Sistema Hapvida, Laryssa Madeira, a principal causa de queda de cabelo nos consultórios é a chamada eflúvio telógeno.
“Caracteriza-se por uma condição de aumento da queda diária dos fios de cabelo. Percebemos essa queda acentuada principalmente quando lavamos o cabelo ou penteamos, chegando a formar bolos no chão. O eflúvio se divide em dois tipos: agudo e crônico”, conclui.
Confira as causas dos dois tipos de queda capilar:
Eflúvio telógeno agudo: sua causa está associada a algum evento que aconteceu três meses antes do início da queda. Isso porque o período de preparo para a queda dura de dois a três meses e os fios se desprendem ao final desse ciclo (fase telógena). Esses eventos, ou gatilhos, convertem um percentual maior de fios para a fase de queda. Sendo assim, ao invés de termos 100-120 fios caindo diariamente (o que é o normal), temos 200-300 fios, dependendo do paciente e da causa do eflúvio. Os eventos mais associados à queda são: pós-parto, febre, infecção aguda, sinusite, pneumonia, gripe, dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse metabólico, além do estresse emocional. Algumas medicações também podem desencadear a queda.
Eflúvio telógeno crônico: consiste na fase em que os fios caem muito, parecido com a fase aguda, porém cai em longo prazo. Há ciclos de aumento dos fios na fase de queda, de forma cíclica, uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo do paciente. Conforme o tempo passa, o paciente fica com o cabelo mais volumoso na base e menos volumoso no comprimento. Se o paciente só tiver essa condição, não ficará com o cabelo ralo no couro cabeludo. Porém, seu problema pode estar associado a outras condições que causam rarefação dos fios. De qualquer forma, se perde muito volume e comprimento. O problema nem sempre tem causa definida, mas sabe-se que está associado a doenças autoimunes, dentre elas, a mais comum é a tireoidite de Hashimoto.
A dermatologista ainda faz o alerta para o aumento no número de pacientes que relatam estar com excessiva queda de cabelo após ter Covid.
“Atualmente, estamos percebendo uma queixa muito frequente nos ambulatórios de queda de cabelo após Covid-19. Diante desse quadro, o diagnóstico é de eflúvio telógeno agudo, conforme mencionado acima; no caso da Covid, isso ocorre devido a infecção, a febre, a todo o processo inflamatório intenso que o nosso organismo é submetido para combater o vírus, associado ainda ao estresse emocional nesse período. Geralmente essa queda ocorre 2-3 meses após ao quadro infeccioso, podendo durar alguns meses”, relata.
“A orientação é que diante a um quadro intenso de queda de cabelo, é imprescindível a ida ao dermatologista, médico especialista nessas situações, para descartar qualquer outra causa de queda de cabelo através da anamnese, exames clínicos e, se houver necessidade, exames laboratoriais. Geralmente em quadros de apenas eflúvio telógeno, o esperado é que essa fase de queda seja passageira, caso isso não aconteça, é fundamental procurar um dermatologista para avaliar melhor o caso”, finaliza.