Comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista fizeram, nesta terça-feira (26/03), a primeira soltura de quelônios do ano, com 1.130 quelônios devolvidos à natureza. A soltura ocorreu no rio Cuieiras, na comunidade Barreirinha, localizada em Manaus.
A atividade faz parte do Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso Sustentável de Recursos Naturais (Probuc), implementado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Moradores das comunidades Barreirinha e São Francisco do Chita foram responsáveis pelo monitoramento ao longo de seis meses das espécies irapuca (Podocnemis erytrocephala) e cabeçudo (Peltocephalus dumeriliana).
A soltura segue a metodologia desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio do Projeto Pé-de-Pincha. Os trabalhos se iniciam entre agosto e setembro. Os comunitários fazem a coleta dos ovos nas praias, campinas e barrancos, e colocam nas chocadeiras, que simulam o habitat natural do animal.
Após o nascimento, os filhotes são realocados em tanques, onde permanecem até endurecerem o casco e atingirem um tamanho ideal para serem soltos na natureza em segurança. Para o gestor da RDS, Francisco Oliveira, o monitoramento é uma ferramenta de ajuda na gestão, porque gera indicadores de pressão sobre a espécie, aumento populacional, além de ser laboratório para as pesquisas na área.
“Ficamos gratos, porque a gente vem melhorando a cada ano os números de soltura da UC. É um indicador de que tem aumentado a população da espécie, a consciência dos monitores, dos comunitários. Nós buscamos melhorar o nosso apoio, a capacitação, incentivar as outras comunidades. E a gente vai se organizar para que, na próxima soltura, tenhamos números ainda mais expressivos do que esse ano,” declarou.
O trabalho na Unidade de Conservação é realizado há dez anos, envolvendo as comunidades Barreirinha, Nova Esperança, São Francisco do Chita, Bela Vista do Jaraqui e Arara. Os próprios moradores são responsáveis por todo o monitoramento, com apoio da Sema. A atividade envolve também as crianças, que participam de atividades de educação ambiental e do cuidado com as espécies.
“Para mim, é uma enorme satisfação estar nesse evento hoje, termos a participação das escolas, com os alunos da rede municipal de ensino. A gente precisa que essas escolas também façam parte e possam entender a importância de estar preservando essas espécies, uma vez que eles mesmos moram aqui e fazem parte dessa conservação ambiental junto conosco”, afirmou o presidente da associação-mãe da RDS, Raimundo Leite.
Alunos da Escola Indígena Municipal Puranga Pisasu, localizada na comunidade Nova Esperança, estiveram presentes para acompanhar a soltura e conhecer mais o trabalho realizado pelos monitores. As crianças, da etnia Baré, puderam interagir com os filhotes de cabeçudo e irapuca, e entender mais sobre o processo de desova e soltura.
“Esses são alunos que fazem parte da comunidade, que dependem do que o rio proporciona, então faz total diferença na vida deles, porque vão ter esse aprendizado de que é preciso preservar para poder ter no futuro”, avaliou Douglas Silva.
Para o professor, manter essa cultura e ensinamento, vai fortalecer toda uma história. “Esse fortalecimento educacional, que a gente passa dentro da sala de aula, é para preservar essa cultura que temos aqui”, acrescentou Douglas Oliveira.