Da campanha à presidência: Javier Milei terá desafios de implementar reformas econômicas abruptas na Argentina

Milei, presidente eleito da Argentina, prometeu na campanha fechar o BC e dolarizar a economia — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Javier Milei assumiu a presidência da Argentina no último domingo (19) em meio a uma crise econômica de proporções alarmantes. O novo líder enfrenta uma série de desafios, incluindo uma inflação que ultrapassou os 140% nos últimos 12 meses, a desvalorização da moeda nacional, a escassez de reservas em dólar, o aumento do endividamento e o agravamento da pobreza.

Durante sua campanha, o economista ultraliberal propôs medidas consideradas radicais para enfrentar a crise, como a dolarização da economia, abandonando o peso, e a extinção do Banco Central. No entanto, em seu discurso de vitória, Milei não mencionou especificamente essas propostas, limitando-se a afirmar que a situação demanda a adoção de medidas drásticas, sem espaço para gradualismos.

Especialistas do setor econômico apontam que a implementação das ideias de Milei pode enfrentar obstáculos significativos, uma vez que ele não conta, inicialmente, com uma base ampla no Congresso argentino. A falta de apoio político pode complicar a aprovação e execução das reformas propostas, tornando a tarefa de lidar com a crise ainda mais desafiadora para o novo presidente.

Diante desse cenário, a capacidade de Milei de construir alianças e obter o respaldo necessário no Congresso será fundamental para a efetivação de suas propostas econômicas. A resposta das diversas facções políticas e da sociedade argentina a essas medidas drásticas também desempenhará um papel crucial no desenrolar da crise e na busca por soluções sustentáveis a longo prazo.